Pouco conhecidos do público carioca, artistas da Baixada Fluminense se apresentam a partir de 10 de março no Centro, Manguinhos e Rocinha. A Mostra Rede em Cena - Ocupação Biblioteca Parque indica o vigor da produção cultural independente na região
Na foto, artistas integrantes da Mostra Rede em Cena (Divulgação)
A Mostra Baixada em Cena começa amanhã (10) nas Bibliotecas Parque de Manguinhos, Rocinha e Centro. São mais de 20 atrações entre peças teatrais, café literário, sarau e sessões de cinema. O evento é fruto da Rede Baixada em Cena, organização de 18 companhias teatrais da Baixada Fluminense, que já existe desde 2008. A novidade dessa última edição pode ser percebida durante a própria divulgação. A hashtag #ocupabaixada foi usada por diversos artistas, como Fernando Caruso e Ancelmo Vasconcelos, para divulgar os espetáculos e anunciar a chegada da cultura da Baixada aos espaços da capital.
“É a primeira vez que a mostra acontece fora da Baixada”, conta Lino Rocca, diretor do Ceta — Centro Experimental de Teatro e Artes — uma das companhias incluídas na programação.“ Vamos criar uma embaixada no Rio”, brinca. Para Lino, a ocupação das bibliotecas com manifestações culturais de Nilópolis, Caxias, Nova Iguaçu e outros lugares, abre a oportunidade de um encontro de perspectivas sobre a área metropolitana.
Com aproximadamente 4 milhões de habitantes, a Baixada Fluminense reúne 13 municípios e uma produção cultural independente diversificada, que acontece em eventos como o Caleidoscópio. Nos encontros, realizados desde 2015 e idealizados pelo rapper e ativista Dudu do Morro Agudo, são realizadas oficinas, batalhas de rap, exposição fotográfica e muitas outras atrações. “Cresceu de uma forma bem espontânea, já recebemos apoio da Anistia Internacional e do Canal Futura em edições anteriores. Em maio de 2016, realizaremos o quarto caleidoscópio tendo a saúde como tema central”, promete Dudu.
O fundador do grupo Enraizados considera a ocupação de espaços fora da Baixada positiva, mas alerta: “Somos resistência. A gente quer visibilidade para a nossa região, por isso não podemos esquecer o nosso ponto de origem”.
Rede de Saraus
Com poucos equipamentos e recursos para a cultura, a Baixada aposta na poesia para injetar arte no cotidiano. O Sarau V, o Fulana de tal e o Caldo de Cultura, de Nova Iguaçu, e o Sarau Donana, em Belford Roxo., são alguns deles. Afinal, para montar um sarau, basta um equipamento de som, mesas e cadeiras — às vezes nem isso. O encontro pode acontecer em um centro cultural, bar ou na rua mesmo. E muitas vezes a poesia converge com outras expressões artísticas, estimulando ainda mais o processo criativo.
Esse diálogo entre as artes é muito importante. Foi no sarau dos Poetas Compulsivos, em Nova Iguaçu, que a tradição poética da Baixada representada por Totó (Antônio Feitosa) e Moduã Matos entraram em contato com a palavra batida do rap. “Éramos um grupo muito fechado. Nos nossos eventos só tinha a galera que curtia o estilo musical. A maioria nem se enxergava como poeta, nem os poetas da área nos viam como poetas”, relembra Dudu.
Letícia Lisboa faz parte da Companhia Artística Palhaços com Sol sem Dó, organização responsável pelo evento Sete dias com Sol sem Dó, em Caxias. As atividades acontecem de forma descentralizada. Ruas, escolas, praças e bibliotecas servem de espaço para apresentações, palestras e oficinas. “Nos interessamos muito pela figura do palhaço, por ser muito espontânea e trabalhar no improviso. Durante os sete dias, nós fazemos a “palhasseata”, sem pauta definida. Deixamos a coisa acontecerem ao longo do caminho”, conta. Jessé Cabral também é integrante da companhia e numa postagem em seu facebook agradece o ingresso no Polo Nacional de Circo e revela: “Sou o único representante da Baixada Fluminense neste ano. Para quem vive aqui na Baixada sabe o valor que isso tem”.
E assim continuo minha caminhada. Hoje completando 34 primaveras de muitos sonhos e realizações. Sou muito grato a todo...
Publicado por Jessé Cabral em Domingo, 6 de março de 2016
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