Após denúncia sobre a situação precária das detentas brasileiras, coletivos se organizam para coletar doações e ampliar o debate sobre a situação da mulher encarcerada.
A denúncia de que presas brasileiras precisam usar miolo de pão como absorvente, divulgada em junho deste ano, deu início a uma mobilização surpreendente nas redes sociais: a campanha de arrecadação de absorventes para presidiárias que, no estado do Rio, já conta com mais de 9 mil confirmados. A resposta da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap), contudo, jogou um balde de água fria na iniciativa: o órgão negou a doação, afirmando que no mesmo mês havia licitado a compra de uma remessa de absorventes.
Apesar da rejeição, a realidade das presas não parece ser de fartura, segundo relatos de organizações de direitos humanos. "Sempre que visitamos as unidades prisionais, escutamos reclamações de falta de absorventes. As presas os recebem, mas talvez não na quantidade de que necessitam", explica Vera Alves, do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro.
Segundo integrantes do Coletivo Saaanta Mãe, que iniciou a campanha no Rio, a Seap agradeceu a iniciativa, mas rejeitou a doação. A justificativa foi a compra, por pregão eletrônico, de 37.500 pacotes de absorventes destinados às internas. A informação foi publicada no Diário Oficial do estado, no dia 29 de julho.
Questionada pelo Vozerio, a assessoria do órgão acrescentou ainda que há 10.394 pacotes em estoque e que os absorventes comprados nessa última licitação poderão ser requeridos, conforme a demanda das unidades, ao longo dos próximos quatro meses. O kit básico de higiene, entregue para todos os detentos, é composto de sabonete, papel higiênico, escova de dentes e creme dental. "Para as mulheres incluem-se os absorventes íntimos, quando solicitados", informou a secretaria.
Após a resposta da Seap, as organizadoras da campanha estão agora pensando no próximo passo. A arrecadação, que iria até dia 30 de agosto, foi suspensa, e o coletivo está coletando sugestões de locais para onde direcionar os absorventes já coletados. Na página do evento no Facebook, abrigos e organizações que atendem mulheres em situação de rua foram citados como opções.
O tamanho da mobilização impressionou até mesmo as integrantes do coletivo. "Criei o evento e viajei de férias com meu filho. Quando retornei, já tinham quase 5 mil confirmados", contou a fotógrafa Bel Junqueira, integrante do Saaanta Mãe e uma das coordenadoras da mobilização. Em 10 dias, do dia 12 ao dia 22 de julho, a campanha no Facebook viralizou na rede e já conta com mais de 9 mil perfis confirmados e 47 pontos de coleta.
Para as mobilizadoras da campanha,"doações não resolvem o problema, doações mobilizam pessoas. E pessoas mobilizadas fazem pressão para que pessoas cumpram suas funções." O principal ganho, para elas, foi a expansão do debate e o conhecimento dessa questão pela população.
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