Favela da zona oeste, que completa 50 anos em 2016 sedia até domingo (13) a quinta edição da Feira Literária das Periferias (Flupp). Com 45 atividades previstas e 50 autores convidados, evento terá mais de 100 horas de programação
Foto: leitora aprecia livro na Flupp (Eduardo Magalhães/Flupp)
"Cidade de Deus é o maior barato", dizia um funk famoso dos anos 1990. A favela da zona oeste que comemora 50 anos em 2016 recebe desde a última terça (dia 8) a quinta edição da Festa Literária das Periferias (Flupp). Com 100 horas de programação e 50 autores convidados, o evento acontece até o próximo domingo (13).
Palestras, exibições de filmes e outras atividades compõem a agenda da festa. Ao todo, mais de 45 ações serão realizadas ao longo dos seis dias no Ciep João Batista dos Santos, que sedia o evento e fica localizado na rua Edgard Werneck, que corta a CDD. "A Flupp permite que jovens e outras pessoas negras, pobres e de comunidade exercitem a literatura como uma forma de expressão, o que é um muito importante para autoafirmação desses grupos", afirmou o antropólogo Athaíde Motta na mesa "Lugares de fala", realizada na última quarta (09).
A edição 2016 celebra o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, morto há exatos 20 anos. Antes dele, Lima Barreto, Wally Salomão, Abdias do Nascimento e a psiquiatra Nise da Silveira já haviam sido homenageados pelo evento. Desde sua criação, em 2012, a Flupp já esteve no Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira e Babilônia. Em 2017, a realização no Vidigal marcará sua volta à Zona Sul.
Uma exposição diferente recebe quem chega ao Ciep onde acontece a Flupp. Batizada de "Cidade de Deus 50 anos", a mostra reúne histórias em quadrinhos (HQs) sobre o passado da favela. As HQs apresentam personagens como João Batista dos Santos, líder que movimentou o lugar nas décadas de 1960 e 1970, e Cilene Regina Vieira, professora importante da comunidade. Do lado oposto à exposição, uma espécie de teia sustenta livros de diversos gêneros à disposição dos amantes da literatura. É só pegar e levar.
Os locais onde acontecem as palestras ficam ao fim do corredor formado pela mostra e pela "teia". "Como acontece todos os anos, livros do autor homenageado batizam esses espaços", explica Ecio Salles, escritor e um dos criadores da Flupp. Do lado direito de quem entra, fica a tenda Morangos mofados. Trata-se da quadra do Ciep, que foi transformada em um colorido auditório com mais de 150 cadeiras. As atividades realizadas ali contam com tradução simultânea para Libras. É o caso das etapas do Rio Poetry Slam, campeonato internacional de poesia falada que acontece entre um debate e outro da festa.
Atrás da Morango Mofados, a tenda Triângulo das Águas abriga o experimento Machine to be another. Criado pelo coletivo BeAnotherLab, o trabalho usa técnicas de realidade virtual e teatro imersivo para contar histórias de famílias que perderam integrantes por causa da violência. As sessões de 15 minutos acontecem diariamente, de 14h às 22h, e a procura tem sido grande. Já a tenda Pequenas epifanias fica do lado esquerdo de quem entra no Ciep. Trata-se de um espaço um pouco menor, mas com programação igualmente interessante. Na última quarta, quem esteve lá pôde ver Eduardo Suplicy ler trechos de um discurso do pastor americano Martin Luther King Junior para mães que perderam seus filhos por conta da guerra às drogas. Ao fim da leitura, o público aplaudiu o ex-senador.
Confira a programação da Flupp neste fim de semana aqui
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