Na tarde deste domingo (12), o horizonte da baía de Guanabara ficará negro em protesto ao novo projeto para o local. Cerca de 30 barcos sairão com velas negras numa performance contra o que velejadores descrevem como "elitização" do espaço.
Numa perfomance-protesto contra o novo projeto para a Marina da Glória, cerca de trinta barcos sairão pela baía de Guanabara na tarde deste domingo (12) com velas pretas. A ideia é compor um "horizonte negro", como define a idealizadora da obra, a artista Martha Niklaus — autora também da imagem acima, que representa a performance.
"A ideia é realizar uma coreografia náutica", explica Martha, que propôs a obra em solidariedade aos usuários da marina insatisfeitos com o novo projeto. "Esse projeto pega um espaço público tombado e o transforma em lugar de exploração comercial", afirma a artista, que participou de diversas audiências públicas sobre a reforma.
Realizado pela BR Marinas, empresa que comprou a concessão da MGX, de Eike Batista, o projeto tem o objetivo de "revitalizar" a marina e prepará-la para as Olimpíadas de 2016. Com previsão de ampliação de vagas para barcos e redução no número de lojas (em comparação com o projeto anterior), a BR Marinas já chegou a afirmar que a empresa "não quer transformar a Marina em Shopping" e que a finalidade náutica do espaço será respeitada.
Para os usuários da Marina e para os moradores da região, contudo, esses argumentos são falsos. "A função da marina é popularizar a náutica no Rio de Janeiro. Esse novo projeto vai elitizar o espaço", afirma Luiz Goldfeld, um dos usuários insatisfeitos também por trás da performance deste domingo. A elitização passa sobretudo pelo preço para uso náutico, que vai aumentar em 200%.
Segundo Luiz, em seu projeto original, a Marina tinha um terraço aberto e público com um jardim de Burle Marx. A empresa que administrava a marina concretou o jardim, construiu uma tenda e passou a alugar o espaço para eventos. "No projeto da BR Marinas, esse espaço continua sendo chamado de área coberta de eventos, e vão construir uma cobertura fixa", explica Luiz.
Algumas ilegalidades apontadas por Luiz e Martha chamaram atenção do Ministério Público. Na segunda-feira (6), a Justiça Federal suspendeu a autorização->http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/07/marina-da-gloria-rio-tem-autorizacao-para-obras-suspensa-pela-justica.html] conferida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para começo das obras. Na sexta-feira, entretanto, o Tribunal Regional Federal autorizou a retomada das obras.
Assista ao vídeo abaixo para entender a história da marina e os argumentos contra o projeto de revitalização:
"Horizonte Negro": Performance idealizada por Martha Niklaus que levará cerca de trinta barcos com velas negras para a baía de Guanabara
Quando: domingo, 12 de julho, a partir das 14h.
Onde: baía de Guanabara, altura da Marina da Glória.
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