Os azulejos azuis e brancos, feitos pelo artista carioca Athos Bulcão, marcam o Edifício Ione, no Leblon (foto acima). Construído em 1968 na rua Cupertino Durão, o prédio é um dos exemplos de construções notáveis da cidade apresentadas no livro Rio — Casas & Prédios Antigos, do jornalista Rafael Bokor.
O edifício Bela Vista, no Flamengo, tem uma numeração diferente: os apartamentos vão do 1 ao 28. Em Ipanema, o prédio Marajoara é a casa, há 70 anos, de Fernando Ferreira Botelho, o primeiro goleiro profissional da história do Flamengo — hoje com 102 anos. Já o Edifício Petrônio, em Copacabana, se destaca pela portaria, feita de um mármore raro vindo da Sibéria.
Essas e outras histórias são contadas pelo jornalista Rafael Bokor no livro Rio — Casas & Prédios Antigos, que será lançado nesta terça-feira (21/12), no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em Ipanema.
A obra apresenta informações históricas e arquitetônicas de 35 edifícios, localizados em seis bairros: Copacabana, Flamengo, Gávea, Ipanema, Jardim Botânico e Leblon. O próprio espaço onde será realizado o lançamento é um dos lugares retratados. Todos os prédios têm mais de 50 anos — com exceção do Edifício Ione, no Leblon, construído em 1968.
O livro é uma adaptação do conteúdo de uma página no Facebook, administrada por Rafael desde 2013. O interesse pelo tema começou na infância, quando ele acompanhava seu pai, um corretor de imóveis, em visitas a apartamentos. "Ele me levava muito aos prédios antigos. Fui tomando gosto com o tempo", conta o autor, em entrevista ao Vozerio.
Inicialmente, a página focava apenas apenas na Zona Sul. "Foram prédios que fizeram parte da minha história", explica Rafael. Um deles é o Edifício Cupertino Durão, no Leblon, onde o autor morou.
No começo deste ano, quando teve a ideia do livro, Rafael passou a buscar edifícios interessantes em outros lugares da cidade e a publicar curiosidades sobre eles no Facebook. O objetivo agora é escrever outras edições da obra com esse novo conteúdo.
Outra mudança editorial foi motivada pela sugestão dos leitores. No começo, Rafael publicava apenas fotos das fachadas dos prédios. Depois, percebeu que os leitores pediam mais detalhes do interior dos edifícios, e atendeu os pedidos.
Confira algumas das construções retratadas. As fotos são de Milena Leonel e estão publicadas no livro Rio — Casas & Prédios Antigos.
Erguido em 1951, o prédio Cupertino Durão, que fica no número 136 da rua homônima, no Leblon, é um dos mais antigos do bairro. Sobreviveu a uma onda de especulação imobiliária que derrubou vários prédios pequenos e antigos até o final dos anos 1990.
O Edifício Santa Helena está na rua Ronald de Carvalho, 132, em Copacabana, desde 1928. O prédio original foi dividido em dois: a outra portaria, do Palacete Veiga, fica na avenida Nossa Senhora de Copacabana.
Também na rua Ronald de Carvalho, na esquina com a Ministro Viveiros de Castro, o Edifício Guahy foi construído em 1928 e passou anos abandonado, sofrendo o risco de demolição até ser tombado, em 1990. É representante do estilo art déco. A entrada faz referência a um cocar indígena.
O Edifício Biarritz, na Praia do Flamengo, 286, foi construído em 1937 e é um ícone da art déco no Rio. Além das varandas arredondadas, possui nos fundos um jardim projetado por pelo artista plástico Burle Marx.
Construído em 1932, o Edifício Itahy, também em estilo art déco fica na na avenida Nossa Senhora de Copacabana, 252. Na entrada, há a estátua de uma sereia, esculpida pelo pintor Pedro Luiz Correia de Araújo. O piso do hall simula ondas do mar.
Outro representante da arquitetura art déco, o Edifício Itaoca tem nove andares e 48 apartamentos. No último piso, há 52 quartos para empregados — um para cada apartamento e quatro para uso do edifício. O prédio fica na rua Duvivier, 43, em Copacabana, e foi construído em 1943. Na fachada, há vários muiraquitãs, um talismã amazonense.
Em contraste com uma fachada descuidada, o Edifício Ophir, de 1934, tem um interior bem preservado. Assim como no edifício Itahy, os mosaicos que compõem o piso remetem ao movimento das ondas do mar. O prédio fica na rua Ronald de Carvalho, 154, em Copacabana.
Localizado na Praia do Flamengo, 158, o Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho (mais conhecido como Castelinho do Flamengo) foi construído em 1918 para se tornar residência de Joaquim Silva Cardoso. Na década de 1930, a construção foi comprada pelo comerciante português Avelino Fernandes e por sua esposa Rosalina. Reza a lenda que, após a morte dos proprietários, a filha do casal ficou aos cuidados de um tutor, que a deixou trancada na torre. Após falecer, a menina teria voltado ao local para assombrá-lo.
O quê: Lançamento do livro Rio - Casas e Prédios Antigos
Quando: Terça, dia 22 de dezembro, às 18h
Onde: Gabinete de Leitura Guilherme Araújo (rua Redentor, 157, Ipanema)
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