Ranking desenvolvido pelo IETS, com apoio do Sebrae e a pedido da Câmara Metropolitana, mostra que Campo Grande é a segunda centralidade da RMRJ e que 70% dos empregos estão concentrados em 30 núcleos.
Foto: A pesquisadora Maína Celidônio durante a apresentação da pesquisa (André Redlich)
Um estudo inédito sobre as centralidades do Rio foi um dos destaques da programação do seminário Qualidades. Realizado pelo IETS, com apoio do Sebrae RJ e por solicitação da Câmara Metropolitana, a pesquisa identificou 30 núcleos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e levantou informações surpreendentes, como o fato de que a Centralidade de Campo Grande é, hoje, a segunda no Rio de Janeiro, acima da Barra da Tijuca.
“Os locais que mais atraem pessoas são também os mais dinâmicos e criativos das cidades. E são também onde os problemas se apresentam. Temos de olhar com cuidado esses locais e incorporar esse conhecimento ao planejamento urbano, para que se desenvolvam com mais qualidade e eficiência”, disse Manuel Thedim, diretor do IETS.
Solicitamos esse estudo para compreender essa dinâmica, que pode nos ajudar a traçar estratégias. Onde alocar hospitais? Dá pena ver o BRT cruzar o ramal ferroviário e a conexão entre eles não ser nada amigável. Essas questões podem ser mais bem enquadradas se conseguirmos no plano estabelecer estratégias e políticas de Estado a perseguir”, disse Vicente Loureiro, diretor executivo da Camara Metropolitana.
Loureiro lembrou que, há mais ou menos 40 anos, o ranking na recém estabelecida Região Metropolitana do Rio era tinha o Centro do Rio em primeiro lugar, Niterói em segundo, seguido de Copacabana e Madureira. Hoje, as centralidades seguem o seguinte ranking: Centro do Rio, Campo Grande, Barra da Tijuca, Centro de Nova Iguaçu, Tijuca, Bonsucesso/Ramos/Olaria, Botafogo, Centro de Duque de Caxias, Bangu, São Cristóvão, Centro de Niterói.
A pesquisadora Maina Celidônio, uma das autoras do estudo, apresentou os dados. Maina explicou que o ranking se baseia em um Índice de Centralidade, que conta com cinco componentes: densidade de emprego, densidade de empresas, densidade de deslocamentos, densidade de matrículas e diversidade da atividade econômica. “As centralidades são, portanto, áreas de alta concentração de atividade econômica, intensa circulação de pessoas e diversidade econômica”, comentou.
O estudo mostrou algumas dinâmicas do desenvolvimento, que reforçam a defesa do adensamento das cidades, levantado por tantos urbanistas críticos de políticas que favorecem a expansão das áreas urbanizadas. “Quanto mais densa, maior a renda média. Áreas de alta concentração de empregos são também áreas com maior concentração de trabalhadores qualificados”, observou Maina. Isso ocorre, explicou a economista, em função de ganhos de produtividade relacionados à proximidade de oportunidades e empresas. Por outro lado, as regiões mais densas são também as de maior desigualdade.
O estudo sobre hierarquia de centralidades mostra a grande concentração de oportunidades, renda, recursos e população na capital: 22 das 30 principais centralidades identificadas estão na cidade do Rio de Janeiro.
As 30 centralidades estudadas concentram 70% dos empregos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e mostram a diversidade do território. Enquanto em Ipanema e Leblon a renda média é de R$ 4500, em Jardim Primavera é de R$ 500.
Outro critério importante para avaliação é a porcentagem de pessoas que vivem e trabalham na mesma centralidade. “As pessoas não precisam se deslocar. Pensamos nisso como um indicador de sustentabilidade”, disse Maina. A melhor região, nesse sentido, é o Centro de Niterói: 70% dos que trabalham no local vivem em Niterói. Em Ipanema e Leblon, são só 5%.
A mobilidade é outro indicador que chama atenção. Cerca de 90% dos que vão para Nova Iguaçu chegam de transporte coletivo; para a Barra, o principal meio de transporte é o carro. Só uma das 30 centralidades tem o trem como principal meio de transporte.
A mesa também teve a participação da professora da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF, Thereza Christina Couto Carvalho. Thereza explicou que o planejamento baseado em grandes eixos de logística “atropelou as cidades e defendeu o planejamento de longo prazo: “Há excessiva importância atribuída a ações reativas de curto prazo, em detrimento da realização de compromissos de médio e longo prazo”.
Veja aqui a apresentação sobre Centralidades
Veja a apresentação da arquiteta Thereza Christina Couto Carvalho aqui
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