Estudantes na porta 163ª Zona Eleitoral do Rio, no Catete, dizem não ter a menor ideia em quem votar nas próximas eleições e que só tiram o título "por obrigação"
"A gente não sabe mais quem é quem", argumentou o secundarista Lucas André, 18 anos, sobre as eleições municipais do Rio de Janeiro que se aproximam. Morador da Tavares Bastos, Lucas estava na porta da 163ª Zona Eleitoral do município, no Catete. Era quarta-feira (4/5), o último dia para tirar ou regularizar a situação do título de eleitor para quem quisesse votar nas próximas eleições. Ele havia acabado de fazer o seu, mas estava descrente em relação ao futuro da política. "Não quero votar. Muito chato", resumiu, acrescentando que só havia ido até ali por obrigação.
A apatia do estudante era compartilhada pelos dois amigos que o acompanhavam — os irmãos Matheus Mendes e David Mendes, de 19 e 18 anos, respectivamente. Ambos também tinham ido tirar o primeiro título de eleitor, mas haviam esquecido a certidão de nascimento. Como era o último dia, cogitavam nem mesmo voltar. "Melhor pagar a multa", disse Matheus.
A fila na porta da 163ª Zona Eleitoral estava até pequena para um último dia de alistamento. Funcionários diziam nunca ter visto tão poucas pessoas deixarem o assunto para a última hora. Um dos motivos para essa situação incomum é a campanha antecipada feita pelo Tribunal Superior Eleitoral lançada em novembro de 2015. Chamada de Semana do Jovem Eleitor, a campanha convocou jovens de 16 e 17 anos a se cadastrarem para poderem votar nas eleições deste ano.
Ainda assim, jovens como Lucas, Matheus e David apareciam para tirar o título. Os três estudam na escola estadual Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, que está ocupada pelos colegas. Como na política tradicional, contudo, os estudantes são descrentes quanto aos efeitos da ocupação: "Quem vai se ferrar é a gente mesmo, que vai perder o ano", disse David. Apenas Lucas se mostrou favorável à movimentação estudantil. "Lá é muito chato. Eles estão certos, tem que conseguir melhorar mesmo." Mas e o futuro, como vai ser? "Vou abrir um camelô para mim quando terminar o colégio", disse Lucas.
Entre os jovem que foram à 163ª Zona Eleitoral no início da tarde desta quarta-feira, quase todos apresentavam motivos de ordem prática para tirar o documento. Mesmo os que ainda não tinham obrigação de votar, como uma estudante de 16 anos que não quis se identificar. "Estou tirando porque alguns empregos pedem", explicou ela, que estava cursando o nono ano do colégio.
Todos também consideravam o cenário político "muito ruim", embora dissessem não ter noção de quem seriam os candidatos a prefeito este ano. "Não tenho noção", afirmou o estudante Caio Ávila, aluno do nono ano do Pedro II do Humaitá, que também estava lá por obrigação.
Já as baianas Mariana de Jesus e Thaís Santos, moradoras de Santa Teresa, disseram que agora vão pesquisar sobre os candidatos. Elas alistaram-se para seus primeiros títulos na 164ª Zona Eleitoral, vizinha à 163ª. "Não votaria se não fosse obrigatório", opinou Mariana. "Mas agora vamos ter que escolher o ladrão em quem vamos votar."
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