Uma correria alegre, uma molecagem, um arrastão de alegria (impossível não pensar nessa imagem), um negócio que divertia quem participava e quem assistia.
Era tanta a animação do casal de vizinhos que entrou na casa da minha mãe para contar a novidade que ficou difícil prestar atenção em cada um deles, que falavam ao mesmo tempo, empolgadíssimos.
“Tá muito legal lá” era o resumo da fala de ambos, recém-chegados do Parque de Madureira — ou melhor, da parte nova do parque, inaugurada nesta segunda-feira, 12 de outubro, feriado de Nossa Aparecida, Dia das Crianças, e dia da inauguração de outro ícone da cidade, o Cristo Redentor.
A mulher, com a roupa ainda molhada e grudada no corpo, falava maravilhada das cascatas de água, a vedete desta parte nova, chamada de Praia de Rocha Miranda. “Muito bom!”, elogiava. O marido contava que chegou cedo, às 8h30, e ficou esperando pela mulher — que precisou trabalhar de manhã — e pela inauguração da cascata, só realizada com a presença do prefeito, por volta de meio-dia. “Ele passou rápido: chegou e saiu”, contou. Saíram lá pelas 14h e só não ficaram mais porque não sabiam que ia ser tão bom — e porque não tinham almoçado ainda. “Na próxima, a gente leva um isopor”, planejavam.
Como ficar indiferente? Contagiadas pela animação dos vizinhos, lá fomos nós (eu, a mãe e a irmã) rumo ao Parque de Madureira para conferir a novidade. Parque lo-ta-do, com gente de todas as idades. A turma do charme fazendo seus passinhos, uma roda de pagode acolá, o povo do skate, do patins, da bicicleta, do futebol, gente à beça fazendo piquenique na grama e nos lugares à sombra, cadeiras de praia, cangas, guarda-sol e ’isoporzinhos’ variados, parque abarrotado de crianças, de idosos, de jovens, quase nenhum lixo no chão. E as cascatas (um conjunto de três): uma atração à parte.
A galera tomou conta do pedaço e a brincadeira era cantar um “oooooi, oooooi, oooooi” em ritmo de funk, marcando o batidão nas pilastras (talvez de ferro) que sustentam o teto e a estrutura por onde cai a água. Em determinado momento, esse coro molhado parava a batida e saía em disparada de uma cascata para outra (e quase todos na mesma direção), gritando um “oooooi” mais longo e jogando inevitavelmente água pra cima. Uma correria alegre, uma molecagem, um arrastão de alegria (impossível não pensar nessa imagem), um negócio que divertia quem participava e quem assistia.
Ainda em expansão, o mapa do parque — do que já existe e do que ainda está por vir — era também uma atração, e vi muita gente localizando o lugar onde mora nas referências indicadas no enorme painel sobre o tapume que esconde a o canteiro de obras. É bom se ver no mapa, pensei. Li que a próxima expansão acrescentará mais dois quilômetros ao parque — esta agora o esticou em mais um quilômetro. Nas ruas em torno, também era possível sentir a animação, em diversos bares e churrasquinhos nas esquinas, nas ruas e calçadas.
Entramos pelo portão que fica bem perto da estação de metrô de Rocha Miranda, de onde dá para ver o canteiro de obras por onde o parque seguirá, em direção a Guadalupe — onde vai terminar.
Dentro do parque, olhando em direção a Madureira, o morro de São José fica bem evidente, com a igreja em homenagem ao santo, pequenina e branquinha, lá no alto da pedreira.
Nem todos os bairros são Madureira nessa grande área por onde se estende (e se estenderá) o parque: Magno, Turiaçu, Rocha Miranda, Honório Gurgel e Guadalupe estão na rota das mudanças provocadas por esse megaequipamento, que a gente torce para que tenha vida longa, alegre e bem cuidada. A julgar pela lotação que vi por lá, público animado para aproveitá-lo é o que não vai faltar.
Assista ao vídeo gravado pela autora dos visitantes dançando charme no parque:
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