Evento de inovação PicNic, em sua primeira edição brasileira, apresentou debates sobre os novos horizontes das metrópoles. Entre os estudos de caso estão os projetos Urbans Farmers e Programa Vivendas.
Foto: Divulgação
Imagine se do topo dos prédios viessem os legumes e verduras presentes nas refeições. Ou se moradores de favelas pudessem reformar suas casas a baixo custo com kits planejados. Essas iniciativas já existem e podem transformar a vida de muitas pessoas. Apresentados durante o festival PicNic, o Urban Farmers Brasil e o Programa Vivenda propõem um redesenho urbano.
O evento de inovação, que existe há dez anos na Europa, teve sua primeira edição brasileira no último fim de semana, no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Organizado pela Nuvem Criativa, o encontro reuniu mais de duas mil pessoas durante três dias.
Alimentos cultivados em prédios
Criada na Suíça, a Urban Farmers chegou ao Brasil através da empreendedora Talita Campoi Marinho. Segundo ela, em 50 anos o mundo vai precisar aumentar em 100% a produção de alimentos para abastecer a população. Para atender a essa demanda, ela sugere criar “fazendas”com até 1000 m² em topos de prédios e terrenos baldios. “Levantamos 30 possíveis locais no Rio, São Paulo e Distrito Federal. Ano que vem, teremos duas, segundo o cronograma”, adianta Talita.
A iniciativa já está presente em locais como Nova York, nos Estados Unidos; Zurique e Basileia, na Suíça; e Berlin, na Alemanha. Entre os benefícios estão rentabilizar ativos imobiliários, gerar emprego e renda, ter alimentos mais frescos, diminuir o uso de agrotóxicos, e economizar recursos naturais. A Urban Farmers usa um sistema aquapônico, que reduz em 95% o uso de água ao combinar cultivo de plantas com a criação de tilápias. Na fazenda de 252 m², situada na Basiléia, são produzidos cinco toneladas de vegetais e 850 quilos de peixes ao ano.
“A gente precisa dobrar a produção de alimentos sem ferir o ambiente e sem afetar a saúde. Este sistema elimina as variáveis, como chover muito ou pouco, fazendo com que tenhamos produtos de qualidade, livre de agrotóxicos. É uma solução segura e nós democratizamos o preço. Os alimentos são pouco mais caros que tradicionais, só que mais barato que orgânicos”, defende Talita.
’A favela é a solução em si’
Segundo Fernando Assad, empresário e criador do Programa Vivenda, no Brasil, cerca de 40 milhões de brasileiros não têm condições de moradia decentes. Destes, 11 milhões possuem casas insalubres, com falta de ventilação e infiltrações. Uma situação que contribui para outros problemas, como por exemplo, o aumento na incidência de tuberculose: “Temos de usar a moradia como ferramenta de transformação”, defende.
Ao trabalhar em um grande projeto de reurbanização de uma favela em São Paulo, ele percebeu a dificuldade das pessoas se apropriarem e zelarem pelo espaço público. Assad concluiu que, sem uma casa digna, os moradores não teriam esta preocupação. Após enfrentar diversos gargalos, surgiu em 2014 o Programa Vivenda, que oferece uma reforma planejada de baixo custo. “A gente fala de grandes tecnologias num evento como este, e esquece que, às vezes, para a gente sobreviver, só precisa abrir uma janela”, avalia. O negócio oferece kits com material, planejamento e mão de obra para sala, quarto, cozinha, banheiro e área de serviço para o trabalho ser efetuado em 15 dias, possibilitando reformar uma casa por até R$ 5 mil, com auxílio de crédito.
A meta era bater 400 reformas, mas este número deve ser superado até o fim do ano, quando termina a segunda fase do projeto, voltado para validar o modelo de negócio, que se situa no bairro Jardim Ibirapuera, em São Paulo. Em 2017, começa a terceira etapa, quando o programa começará a ganhar escala e deve chegar a outras comunidades do Brasil. Hoje “A favela é a solução em si. A visão de futuro dela, que tende a ser um lugar central imerso na cidade, é ser redesenhada”, finaliza Fernando.
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