O aplicativo anúncios de negócios e serviços de empreendedoras e empreendedores negros, já tem mais de 1.800 downloads e 200 cadastros.
[Foto site Kilombu]
Os negros já são a maioria entre os empreendedores brasileiros. Entre os anos de 2002 e 2012, o número de pessoas negras à frente de empresas no Brasil cresceu 27 %; 50% dos donos de negócios são afrodescendentes, contra 49% de brancos e 1% de outras raças, afirmou estudo do Sebrae divulgado em 2015. Incentivar esses empreendedores é a proposta do aplicativo Kilombu. “No Brasil, quando se fala de empreendedor, a imagem é a de um jovem branco, classe média, que fez alguma coisa ligada a nanotecnologia ou que tenha reinventado algum processo que o pobre já fazia, como o food truck”, constata Vítor Coff Del Rey, 31 anos, um dos criadores do Kilombu.
O aplicativo para celular já tem mais de 1.800 downloads e reúne anúncios de serviços e negócios prestados por mais de 200 empreendedores negros. Esses pequenos empresários precisam se cadastrar no aplicativo. Ao entrar na plataforma, é possível buscar qualquer tipo de produto e serviço nessa base de empreendedores negros. “O aplicativo serve para conectar o empreendedor negro com as pessoas que querem comprar dele, independente da raça”, diz Vitor.
Em 2015, a Pesquisa Nacional Negro Empreendedor realizada pelo Baobá – Fundo de Igualdade Racial e pelo Instituto Feira Preta, traçou o perfil desse donos de negócios. Na maioria, são mulheres negras que abriram seus negócios por oportunidade e não por necessidade ou devido ao desemprego. A maior parte delas não teve nenhum tipo de orientação sobre como montar seu negócio.
Vítor Coff Del Rey, um dos poucos estudantes negros da Fundação Getúlio Vagas onde estuda Ciências Sociais e História, começou a trabalhar, em 2014, como voluntário em uma clínica que ajudava microempreendedores a formalizar seus negócios. Durante seus dois anos de trabalho na clínica, ele percebeu que os problemas eram similares e recorrentes: falta de conhecimento sobre marketing, gestão e legislação. Ele também identificou o perfil do empreendedor. “Eu percebi que tinha uma galera que queria sair desse sonho de CLT. Era uma galera jovem, que queria ser dona do próprio nariz. Que quer ser chefe, não empregado” .
A partir dessa percepção, Vitor e os também estudantes Kizzy Fernanda Terra Ferreira dos Reis e Hallison Oliveira da Paz criaram o Kilombu, cuja primeira versão está disponível para plataforma Android desde fevereiro de 2016. Os fundadores dizem que o Kilombu tem como principal objetivo estimular o empreendedorismo da mulher negra. Segundo Del Rey, muitas delas são chefes de família: “Solucionando os problemas dela quem tá em volta acaba sendo afetado e tendo suas questões solucionadas também “.
Monique Eleotério, 26 anos, criadora da loja Òrun Àiyé Acessórios, que vende peças com influência do artesanato africano, começou recentemente a utilizar o aplicativo. “ As tecnologias digitais são uma alternativa perfeita para gente superar essa dificuldade de alcançar nosso público”. Ela acredita que o Rio de Janeiro oferece potencial de crescimento para empreendedores negros e negras, mesmo com dificuldades: “Pretas e pretos da cidade vêm resgatando a valorização da sua identidade e da sua estética e certas tradições periféricas vêm ganhando um lugar de visibilidade e conquistado certo prestígio. Bailes, feiras de rua, salões de bairro, festas de rua... Esses são lugares de encontro e reconhecimento”.
“O Kilombu é um conceito que não cabe em um aplicativo”, é o que garante Vítor Coff Del Rey. O Kilombu se expandiu para outras áreas, como o projeto Couch da Cor, em parceria com a couch Rosangela Canazaro que combina técnica de couch com questões de saúde mental. “A saúde mental é um impeditivo para o crescimento do empreendedor. Ele não está saudável mentalmente para crescer. O índice das empresas que quebram no primeiro ano é muito grande, sendo que a maioria das empresas é de pessoas negras.“
Outro projeto do Kilombu, em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas, é um curso sobre formalização e reconhecimento de patentes para empreendedores cadastrados no aplicativo. Nos planos, está o lançamento, até dezembro, do aplicativo em IOS, a criação do Kilombu Coin, uma moeda especifica para comercio entre empreendedores negros. Além do Instituto Kilombu, dedicado ao estudo do comportamento do consumidor, e a Kilombu School, espaço de educação em gestão, que se propõe a formar os donos de negócios.
Prometida por Eduardo Paes para o ano passado, obra depende agora do aval de Marcelo Crivella
Visitante acusa namorado de funcionária de discriminação durante ida ao local na última sexta (30)
Livro reúne soluções mirabolantes já propostas para os problemas de um dos principais cartões-postais do Rio