Manifestantes caminharam até sede da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) em uma passeata pequena, mas simbólica. Há atos programados para o mês inteiro.
"Governador, eu quero ver/ levar pra casa/ a tal da UPP." Pelo fim dos tiroteios, violência e mortes no Complexo do Alemão, aconteceu hoje a primeira manifestação da série organizada pelo Coletivo Papo Reto e outras lideranças. Cerca de cem pessoas se concentraram na entrada da Grota e caminharam até a sede da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) na manhã de hoje (22/8). Dezenas de policiais acompanharam a passeata, mas não houve confronto e o ato transcorreu pacificamente.
Entre outras demandas, os cartazes clamavam "Não matem nossos filhos", "Os tiros só no horário escolar" e pediam a retirada do contêiner da UPP dentro da escola estadual em Nova Brasília. Segundo Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, o ato foi simbólico. "Queremos chamar a atenção da população e mostrar que tem um grupo organizado aqui dentro", contou ele. Alguns dos presentes diziam que a baixa adesão ao protesto se explicava pelo medo que os moradores sentiam de represálias da polícia.
Os chamados e clamores no megafone, no início do ato, precisaram disputar os ouvidos dos transeuntes com a feira que acontecia na rua naquele mesmo horário. Exceto por um ou outro feirante incomodado — um deles gritou "Todo mundo sabe que a culpa é da Dilma!" —, a maioria dos vendedores parecia apoiar a manifestação. "Se eu não estivesse trabalhando aqui, com certeza estaria lá [na manifestação], confessou Carolina Ferreira, que ajudava o tio na barraca da peixaria. Mãe de uma menina pequena, ela conta que há um buraco de tiro na parede de seu quarto, na Alvorada. "Tem tiroteio todo dia agora", disse.
Violência disseminada
Com pelo menos três instalações policiais dentro ou ao lado de espaços dedicados a atividades infantis, o Complexo do Alemão tem passado por dias, meses e semanas de cão, afirmaram moradores ao Vozerio. Apenas este ano, morreram pelo menos 21 pessoas, segundo levantamento do portal Voz das Comunidades: quase três vezes mais do que o 2014 inteiro, quando morreram oito pessoas em decorrência de conflitos policiais, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Ainda na noite de hoje, os moradores do Complexo estão organizando um "blecaute" coletivo e um minuto de oração. A próxima manifestação acontecerá dentro do próprio Alemão, no próximo sábado (29/8). No dia 5 de setembro, está programada uma vigília noturna no Largo do Bulufa, com presença das diversas religiões presentes nas favelas. E, no dia seguinte (6/9), a ideia do coletivo é realizar uma ocupação cultural. Para conhecer a programação, clique aqui.
Assista a um trecho da manifestação de hoje:
Vivendo sob tiroteios constantes e já com 21 mortos este ano, Complexo do Alemão organiza protesto neste sábado para dizer #TáTudoErrado