As políticas de educação dos países em desenvolvimento serão analisadas em seminário realizado no Rio, dias 21 e 22. O ministro da Educação, Renato Janine, participa do evento, organizado pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) e pela Academia Brasileira de Ciências.
Foto: USP Imagens/Fotos Públicas (05/01/2015)
Poucos discordam que a educação no Brasil precisa receber melhorias. O modelo ideal de mudanças, contudo, está longe de ser consenso. Para inserir este debate em uma perspectiva mundial, o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) e a Academia Brasileira de Ciências realizam, nos dias 21 e 22 deste mês, o “Seminário Internacional de Políticas de Ensino Superior nos Países em Desenvolvimento”.
No evento, serão apresentados os resultados de um estudo que comparou políticas educacionais dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A pesquisa concluiu que, apesar de suas diferenças, as cinco nações tem em comum o desafio de ampliar drasticamente o acesso ao ensino, em consequência do processo de transformação das suas sociedades, de predominantemente agrárias para industriais. Para isso, estes países tem enfrentado questões como garantir a ampliação e equidade no acesso ao ensino superior, avaliar a qualidade e buscar fontes financiamento, entre outros.
O estudo resultou em um livro, chamado “Higher Education in the BRICS Countries – Investigating the Pact between Higher Education and Society”. E seus autores organizam agora o seminário: Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS); Rómulo Pinheiro (Universidade de Agder, da Noruega) e Pundy Pillay (Escola de Governo da Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo). O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, está entre os convidados e fala no dia 22, às 9h. O seminário será transmitido pela internet.
Schwartzman, que foi presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destaca a importância de conhecer as iniciativas dos outros países. Não se trata de copiá-las, alerta, mas sim de adaptá-las ao contexto brasileiro.
Entre os países do bloco, o sociólogo acredita que a China é a mais avançada, em relação ao Brasil. A Índia também apresenta melhores universidades, aponta, mas passa por problemas locais.
A Rússia, por outro lado, estaria passando por um momento de transição. “Estão reconstruindo o sistema deles, depois do fim da União Soviética”, explica.
Na África do Sul, o especialista destaca que ainda há reflexos do apartheid no ensino superior. A estratégia para combater o problema passa por implantar programas de ações afirmativas. “Estão discutindo muito isso”, relata. Outro ponto marcante é a educação a distância, que se expandiu consideravelmente nos últimos anos no país.
Cortes prejudicaram situação
Schwartzman define a situação do ensino superior brasileiro como “complicada”. “Não existe uma política de controle de qualidade, um envolvimento mais sério em pesquisa, as universidades administram mal os recursos”, critica. O pesquisador ressalta que esses problemas são antigos, mas afirma que pioraram com os recentes cortes no orçamento.
Para ele, a qualidade das universidades públicas não corresponde ao seu custo. “É uma coisa muito cara. Tem de ter resultados que as pessoas reconheçam”, destaca.
As faculdades privadas, por outro lado, seriam as maiores responsáveis pelo recente aumento no número de vagas, inclusive com um ganho de qualidade. “Quem conseguiu ampliar o acesso foi o setor privado”, ressalta Schwartzman.
Por trás dessa expansão, está o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). A expansão do programa, contudo, teria sido exagerada. Para o sociólogo, falta, por exemplo, um controle da qualidade dos cursos em que os recursos são investidos. “Há um setor que está ganhando muito dinheiro”, alerta.
O cenário, no entanto, não é apenas negativo. Entre os pontos positivos das universidades brasileiras, Schwartzman destaca a qualidade de algumas instituições públicas, o aumento de vagas nos últimos 20 anos e os cursos de pós-graduação, considerada a melhor da América Latina.
O quê: Seminário Internacional de Políticas de Ensino Superior nos Países em Desenvolvimento
Quando: segunda e terças, dias 21 e 22 de setembro, das 9h às 16h
Onde: Academia Brasileira de Ciências - Rua Anfilófio de Carvalho, 29, 3º andar, Centro, próximo à Cinelândia
Inscrições encerradas
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