Neste sábado (2/4), cerca de 150 pessoas passaram pela Arena Jovelina Pérola Negra, na Pavuna, para pensar o futuro do Rio após as Olimpíadas na sétima edição do Fórum Rio, organizado pela Casa Fluminense. A partir de grupos de discussão e plenárias, os participantes consolidaram propostas de políticas públicas e a Casa lançou o AgendaRio.org, site que servirá de repositório permanente das ideias geradas durante as atividades promovidas pela organização.
Ao longo da manhã, circulamos pelo evento e perguntamos a alguns participantes e trabalhadores: como você imagina o Rio em 2017? Tinha gente da Baixada, de São Gonçalo, da Zona Oeste e de outras partes da cidade metropolitana.
[Fotos: Laís Jannuzzi]
Maria Luísa dos Santos, 86 anos, professora e enfermeira aposentada; e Elisabete dos Santos, filha; moradoras da Pavuna
"Chuta quantos anos eu tenho. Tenho 86! [Risos] Vim porque quando tem evento aqui eles telefonam para mim. Eu moro aqui em frente, ó. Vim para cá com 20 anos, hoje moro com meus três filhos. Esta aqui é a mais nova, é especial. Agora lá nos grupos de discussão eu pedi muita coisa. Pedi mais policiamento e uma escola para crianças especiais em tempo integral, que aqui não tem."
Jean Lima, 18 anos, grafiteiro e estudante, morador de Morro Agudo (Nova Iguaçu)
"Eu venho há três fóruns já, mas este é o primeiro em que estou fazendo grafite. Acho que o Rio durante as Olimpíadas vai dar uma mudada, mas depois vai continuar a mesma coisa porque só vai ser uma máscara para esconder o que a gente realmente está passando — trânsito, assalto, tudo isso. Morro Agudo está do mesmo jeito, não muda. A gente tem que mudar o nosso bairro, tem que partir da gente."
Jerônimo Ribeiro, 52 anos, trabalha na Arena Gourmet (cantina da Arena Jovelina Pérola Negra), morador de Duque de Caxias
"Espero que o Rio fique bem melhor. Que essas obras acabem todas e que gere mais emprego. Mas a cena política está triste, né, a gente nunca sabe o que vai ser. Hoje está ruim. O que fica triste mesmo é esse dinheiro todo que se está gastando aí. Por exemplo, o negócio do metrô: mais um bilhão e meio para terminar um trajeto daqui até ali. Mas contanto que o [governo] deixe as instalações para a garotada fazer esporte, é válido, vale a pena. Se não acreditar, é melhor dar um tiro na cabeça."
Edson Vander Teixeira, ex-ferroviário, integrante do Movimento em Defesa dos Trens, morador de São João de Meriti
"Tenho duas filhas e me preocupo com o futuro delas. Se [as Olimpíadas] forem por uma boa causa, como está acontecendo aí — mexer em transporte, VLT, estádios —, parabéns, mas se for uma coisa eleitoreira... Em relação à causa das ferrovias, está tendo investimento (VLT, mesmo a Supervia, o Metrô Rio com a Linha 4). Eu trabalhei no ramal que fazia o trajeto Rio-Campos por 16 anos. Está no sangue, meu pai e meu avô também eram ferroviários. Hoje trabalho numa empresa de transportes."
Elisabete Manja, 41 anos, produtora cultural, professora e poeta; idealizadora do Movimento Territórios Diversos no conjunto habitacional Nova Sepetiba
"A princípio, vou ser bem direta: não chegou nenhuma proposta das Olimpíadas para lá [Sepetiba]. Não estou otimista para o Rio pós-olímpico. A gente que mora nas periferias já vê tanta estagnação que fica desanimado. A única coisa que aconteceu foi a implementação do BRT no Centro de Santa Cruz, que fica a meia hora de Sepetiba. Mas ele não vai até Sepetiba, e dependemos de um alimentador para chegar lá — que demora muito e, ainda por cima, substituiu as outras linhas de ônibus que havia. Ou seja, a gente fica muito tempo no ponto e o ônibus vai lotado. Para a cultura, um dos desafios é implementar equipamentos culturais e fomentar iniciativas que acontecem naquela região. Sepetiba não tem um equipamento cultural, a gente faz o nosso em praça pública."
Luís Rosário, morador de São Gonçalo, funcionário da Transpetro
"O futuro acho que vai ser bom, porque vou ser candidato a vereador nas próximas eleições pela Rede [risos]. Vim aqui pela Agenda 21 de São Gonçalo, da qual sou militante. Eu era marítimo da Petrobras, mas sofri um acidente e não posso mais trabalhar com isso, então me aproximei do meio ambiente. O impacto das Olimpíadas lá em São Gonçalo foi extremamente negativo, porque a nossa Linha 3 do metrô foi para a Linha 4, na Barra."
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